segunda-feira, 28 de outubro de 2013

De um passado que ainda está passando.


Publicado em Facebook:

Hoje é dia 8 de março de 2013 e eu preciso compartilhar uma história.

Neste mesmo dia do ano passado, eu estava na rua em Friburgo (ainda fazendo faculdade) com duas amigas quando um telefone tocou me trazendo a notícia de que um mercado no centro de Arraial do Cabo estava pegando fogo. Imediatamente eu liguei para minha mãe. Quando ela atendeu, ouvi diversas vozes, gritos, sirenes e correrias. No meio disso tudo, eu só consegui dizer:
- Mãe, foi o nosso, não foi?
Ela só chorou e eu entendi.

A partir daquele momento, começou a correria, as ligações, o desespero. Eu só tentava entender o que estava exatamente acontecendo, se tinha alguém na minha casa, até onde o fogo estava indo, se já haviam apagado...um pânico tamanho que eu me recuso a relatá-lo aqui em palavras.

Com medo de me deixarem ir embora dirigindo, Davi saiu de Niterói e me pegou em Friburgo. Só consegui chegar em Arraial meia-noite e pouca daquele dia.
Quando cheguei, me deparei com uma cena inesquecível. A minha casa completamente preta, cheirando a queimado, TUDO derretido e jogado na calçada e um carro de polícia cercando pra que os curiosos não entrassem lá. Não consegui engolir aquela cena e expliquei ao policial que eu morava ali e precisava entrar. Ele deixou.
Fui a primeira a entrar lá. O chão ainda estava quente e uma camada úmida, quente e gordurosa encostou em mim como se me dissesse exatamente o que tinha acontecido. Foi horrível. Eu queria sair dali e ir pra minha casa, a de verdade, branquinha de paredes verdes e com as nossas fotos penduradas.

No outro dia, Deus levantou um monte de gente que foi até lá limpar com a gente. Veja, sabão em pó, querosene, ácido muriático, bombril...tudo pra tentar tirar aquela marca preta da parede. Tiramos todos os nossos objetos e jogamos numa caçamba porque não serviam mais (fogão, geladeira, quadros de fotos, computador, roupas, móveis...tudo). Infelizmente, 3 dias depois a defesa civil condenou o prédio e começou a demolição (a parte mais intrigante pra mim).
Pra resumir a história, ficamos morando por 1 mês na casa de um amigo que emprestou uma quitinete, depois fomos para uma quitinete que a minha mãe tinha e estava alugada. Nesta, nós estamos até hoje.

Hoje, 1 ano depois do acontecido, nós estamos vivos, rendidos ao poder de um Deus que AMA e ama com um amor que eu pude (e ainda consigo) palpar. A obra da reconstrução começou, o mercado já está hoje em fase quase final, se é que posso olhar com olhos de fé mais uma vez. A casa ainda não, mas em breve...quem sabe?
Estive lá com a minha mãe ontem, olhei pra ela chorando e disse assim: mãe, amanhã faz um ano, neh? Ela me respondeu: faz sim. Não deu dessa vez, mas nos dois anos, isso tudo vai ter acabado e vai estar tudo bonito de novo, mais ainda que antes.

Eu não tenho como expressar maior admiração para aquele olhar de guerreira. Ela é o maior exemplo de força que eu já vi em um ser humano. E se alguma professora de português me pedisse um exemplo de ironia, eu responderia que foi a minha mãe ter passado por isso tudo justamente no dia internacional da mulher. Então hoje a minha homenagem é exclusivamente dela porque, diante dela, eu não sei mesmo o que é ser mulher de verdade.

Se mulher é uma outra palavra que define força, PAI E MÃE, feliz dia da força pra gente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui. O espaço é nosso!