segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Amar, mesmo assim


Existe, na nossa sociedade, uma contradição interessante. 
A bíblia nos ordena a amar, mas a sociedade condena totalmente a falsidade (apesar de ser toda uma grande farsa). 
Não acredito e nunca acreditei em amor como sentimento. Amor, pra mim, é decisão. Só que pra gente não ter nenhuma polêmica aqui, eu vou deixar a questão do amor homem/mulher para um outro post sobre namoro e casamento. Hoje eu vou falar de amor de amigos e família.

Por acreditar em amor como decisão, eu acredito na possibilidade de amar alguém e estar magoada com ele. Realmente acredito que a gente ame sem concordar com a forma que o alguém esteja conduzindo a vida. E é aqui que eu vejo o quanto os nossos conceitos sociais nos atrapalham.
Segundo a sociedade, só podemos dizer "te amo" a quem morremos de admiração. Não é bem assim. Uma grande pessoa entrou pra o meu convívio e vacilou feio. Eu posso, ainda assim, desprezá-la? Não. Não posso. Essa atitude mostraria o quanto eu nego ao espelho que já fiz isso com alguém e o quão ignorante sou ao negar que a pessoa precise de mim ali.

Não amar alguém é decidir não cumprir um mandamento bíblico. Isso independe se a pessoa te magoou ou não, se tem o seu nível de vida ou não. A gente tem que amar, tratar bem, querer bem e fazer o possível para que haja uma harmonia nessa relação. 
O nosso papel aqui é tentar facilitar o convívio de uma sociedade repleta de pessoas erradas, pecadoras e sem noção. O mundo já é difícil e cruel demais pra darmos lugar às nossas picuinhas. Pelo amor de Deus, vamos pular essa etapa. Vamos crescer! 

Isso vem me engasgando há um tempo e essa semana foi a gota d'água. 
Machucaram você? Tente resolver. Te pediram perdão? Tente perdoar.
Os errados, ignorantes, grosseiros também precisam de amor. Ninguém erra porque quer errar. As pessoas erram porque são imperfeitas e NÃO HÁ SER HUMANO PERFEITO, que tenha o direito de não perdoar.

Tratar mal quem te feriu, "dar um gelo", fechar a cara pra quem te fez um mal é hipocrisia, altivez, egocentrismo. 

Um bem não feito hoje gera buraco. Buraco é distanciamento. A gente não precisa disso. 
Tem que ter amor pra todo mundo aqui. Amor é a almofada que permite que os nossos espinhos doam menos no nosso próximo.

Estamos todos juntos nesse barco. Todos no mesmo status, no mesmo patamar. Não há melhores nem piores. 
Necessitamos desse amor, mesmo que ele comece com um "empurrãozinho" não tão sincero. Tente ser gentil, tente ser amável, mesmo quando você não está afim. 
Não leve mais punição a quem já tem a sua. A gente tem vazios enormes pra chegar alguém e colocar mais um.

Fingir que não está vendo não é comigo. Nunca foi. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

Abençoa, Senhor, a minha também.


Ontem, fechamos o último de cinco casamentos seguidos. Se você for mulher, está pensando assim: haja vestido! rs. Foi o que pensei quando recebi todos os convites, mas fazer o quê? Como quase toda brasileira, peguei dois preferidos e me revesei nos casamentos de cidades e famílias diferentes. Deu tudo certo, até as minhas amigas me marcarem no Facebook com a mesma roupa em várias semanas. hahaha. Problema é meu e de quem, como eu, não é filha do dono da dress to :P

Coloquei os mesmos vestidos e os mesmos sonhos. Fui para cada um dos casamentos disposta a lançar sobre eles as mais lindas sementes. Sementes do tipo que eu ainda estou regando em mim e na minha casa, mas que não me custou nada compartilhá-las. 
Levei na bolsa o celular, a carteira, os convites individuais e uma vontade imensa de poder ver as bodas de diamante daquelas pessoas. Sabe por que isso tudo? Porque eu me cansei de gente que empurra com a barriga, de gente que casa por tempo de namoro, de gente que não tem alternativa e gente que desiste do compromisso.

Eu estou afim de gente que fale a verdade, gente que liga o "dane-se" (rs) e resolve remar contra a maré do divórcio. Gosto de gente que quer casar, quer ter filhos e quer viajar pra lua. Eu quero gente otimista. Gente que assume o desafio de ser feliz dormindo junto, mesmo acordando com cheirinho de ontem na boca. rs. 


Pedi a Deus por cada um dEles.
Que haja paciência quando a louça estiver suja e o cônjuge dormindo no sofá. Que haja um pouco de cegueira quando o outro engordar ( e que emagreça rapidinho...haha). 
Que tenhamos sabedoria para lidar com a família, sabendo de cada um o seu lugar. Que a gente tenha discernimento, uma dose a mais de carinho e uma vontade LOUCA  de voltar pra casa pra encontrar o amor da nossa vida ali. 

A gente precisa muito de um mundo melhor e isso está em casa, no cantinho do nosso lar, perto de um banheiro fedorento e de uma cozinha cheirosa - se é que você me entende. 
 Termino como terminei hoje no facebook, com uma oração que me encantou esse fim de semana:


Que nenhuma família comece em qualquer de repente
Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente
E que nada no mundo separe um casal sonhador!
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte
Que eles vivam do ontem, do hoje em função de um depois
Que a família comece e termine sabendo onde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!
Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também
Que marido e mulher tenham força de amar sem medida
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão
Que as crianças aprendam no colo, o sentido da vida
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão!
Que marido e mulher não se traiam, nem traiam seus filhos
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho
Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois
Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também

sábado, 7 de dezembro de 2013

Eu subi uma escada para dormir

Hoje eu subi uma escada que não subia há tempos. Aliás,  subia toda vez que vinha a Arraial do Cabo mas não carregava comigo nenhuma mala. Eu vinha ver, opinar,  limpar....hoje eu vim dormir.
Dormir como não dormia há um ano e nove meses. Ouvi o barulho do mesmo clube de antes, tocando as mesmas músicas de antes. Abri a porta no mesmo lugar de sempre, só que usei outra chave desta vez.

Ela continua verdinha, como se nada tivesse acontecido aqui. As paredes e quartos já não estão no mesmo lugar.  Estão mais bem posicionados agora.   Ainda não tem box, geladeira, sofá e nem panela...mas não fez falta alguma.  Nós só viemos dormir.

Vim dormir no meu passado mais doce. Vim dormir dentro de um sonho realizado. Um sonho de piso branco, paredes verdes e portas claras. Preto aqui só tem o que a gente escolheu,  só decoração.
Aos poucos, as coisas estão vindo pra cá,  mas tenho certeza que elas vão se sentir como eu me sinto agora.  Nós nunca saímos daqui.

Não só dormi. Eu tomei banho também. Me enxuguei com felicidade. Tomei dois banhos.
 Um de água por fora e o outro de fé,  por dentro.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

As coisas nunca mudam

Nem o tempo nem os ventos e nem os pontos. É um processo que passa, outro que chega. Agora...mudar? Não. Nada muda.

Cada um tem em si seus medos, seus ladrões e seus boicotes. Tem e sempre terá. Você pode contorná-los, negá-los ou adiá-los, mas continuam pertencendo a você, ao seu monstro, ao seu bom samaritano.
Não se incomode. De forma alguma seria isso ruim. Nada muda para o bem e nada muda para o mal também.

A criança que tomava banho de chuva andando de bicicleta continua tomando banho de chuva quando esquece a sombrinha. A pequena diferença é que hoje ela está de uniforme, sapato bonito e portando uma carteira com alguns documentos de gente grande. Nada mais. Continua a mesma criança. Continua a mesma chuva.

É só uma questão de perspectiva. 
Observe avessamente. Você vai ver que seus brinquedos mudaram, suas responsabilidades aumentaram, mas você ainda quer dormir até tarde, ainda quer faltar aula/trabalho quando está se sentindo mole, ouvir histórias até cansar, acordar sem arrumar a cama,ainda quer comer brigadeiro até ter dor de barriga e entende direitinho quando seu filho quer sair sem hora pra voltar. Você é assim. Até hoje é assim, mas seu sono não te deixa mais, seu trabalho não te deixa mais, sua moral não te deixa mais. Você não se deixa mais.

Aí você complica a engrenagem, não complica? Nada. Não complica não. A engrenagem anda emperrada mesmo. É todo mundo assim, menos os velhinhos. Ahh os nossos velhos, que já não ligam para o que pensam e já tem uma bela imagem formada. Eles, sim, estão por aí fazendo xixi na cama, dormindo até a hora que querem, há anos não pintam o cabelo e rolam no chão com os novinhos sem julgar ninguém. Eles dão balas para as crianças, fazem piadas de sexo (hoje um disse que vai levar um peru pra cada uma lá na clínica...haha) e não marcam hora para ir e nem para voltar. Benditos senhores, dignos do título!

A engrenagem não sabe rodar como antigamente. 
As coisas nunca mudam. As coisas nunca mudarão. Nem os pontos nem os ventos e nem o tempo. Este, principalmente, não muda, só passa.


sábado, 30 de novembro de 2013

Memória de cheiro

Daí você pega uma roupa de festa, que não usa desde o aniversário de 15 anos da sua cunhada, sente um cheiro de queimado e gosta. 

Esquisito.  Cheiro de casa. 
Não é ruim. É só esquisito gostar.
Passou :)

Eu preciso te apresentar alguém



Sexta-feira, como véspera de sábado, é aquele dia em que ninguém está afim de ficar com dor de dente. Graças a Deus, esse motivo tem me feito não almoçar no horário nas últimas sextas-feiras desse mês. 

Ontem, como uma dessas esperas, me aparece um exame para fazer 12h05m. Fui lá na sala de espera receber a paciente e dei de cara com uma mulher de 48 anos de idade, elegante, de óculos de sol e uma filha realmente linda também de 29 anos. Esta última é do tipo que a gente segue no Instagram: uma loira de corpo invejável, sorriso largo e dentro de uma roupa de academia.

A mulher estava de óculos de sol. Não desses muito pretos. Era possível ver seus olhos. 
Eu não fazia ideia do "banho" de vida que eu ia levar na hora do almoço. Sem mais delongas, vou apresentá-la a você (mudando seu nome, antes que me dê um problema diante do conselho).

Pode chamá-la de Deise. Deise sofre de uma doença auto-imune chamada de "neuromielite óptica". A definição eu vou colocar lá no apêndice. Não importa muito aqui. Só para a gente entender melhor, um belo dia sem nada para fazer, o organismo dela entendeu aquele nervo dos olhos como um agressor e resolveu se defender dele, tentando destruí-lo. Nem fiz questão de ler a causa científica, mas, na minha opinião, a causa real é que o olhar da dona Deise ia tão longe que o organismo ficou com medo. Ele sabia que, em algum momento, ela poderia voar sozinha. 

Não condene o organismo. Se você a conhecesse, também ia ficar com medo desse potencial.

Pois bem, ela sentou na cadeira e me contou que descobriu a doença há aproximadamente 13 anos. Dali pra cá, a doença só vem sendo mais cruel (e a dona Deise, mais doce). Hoje ela já não enxerga mais e sente muitas dores no corpo todo, todos os dias, sem mais nem menos. Do diagnóstico até hoje, já esteve tetraplégica, internada no hospital do Fundão por 1 mês fazendo intensa fisioterapia e debaixo de muitos cuidados neurológicos. Saiu do hospital e depois de muito, muito, muito (já disse muito?) esforço, voltou a andar. Hoje ela anda com dificuldade e sente dores neuropáticas em todo o corpo. São como se fossem dores sem estímulo inicial. Doem "do nada" e forte demais.
Perguntei como ela faz para controlar essa dor. Ela me disse que não há controle. A alternativa dos médicos foi passar "Rivotril" para acalmá-la, deixá-la mais lenta, a ponto de ela conseguir conviver com a dor. 

Depois de tudo que ouvi, no meio da conversa, ela me solta assim: 
- Tudo eu aceitei. Todo o processo eu aceitei, mas eu não aceito a cegueira. 

Eu fiquei estarrecida, porque até ali, ela tinha sido natural em todos os pontos, como se já não fosse uma dificuldade. Ela anda exatamente como eu ando, se comunica super bem, sem a menor insegurança e  é muito bem resolvida, sem a menor aparência do cego de bengalas que fica apalpando tudo e com medo de falar sozinho. É bem verdade o que estou falando. Se você hoje encontrasse a dona Deise, você me diria que ela não sofre tudo o que eu disse ou que estou exagerando.
Eu disse isso para ela e falei que ela parecia muito bem resolvida com a cegueira e que eu imaginava serem as dores o ponto mais cruel. Ela me disse que não e me explicou:

- Existem dois pontos onde eu não aceito a cegueira. Eu sempre amei ver o mar. Você não tem noção do quanto. A outra coisa que dói é que todo mundo me fala que as minhas filhas são lindas. Eu lembro que elas eram lindas, mas eu queria saber se continuam e o quanto são. 

Acabou comigo.
Ah! Se esse sistema imune soubesse com quem ele está lidando, desanimaria hoje porque ele não tem força nenhuma com essa mulher. Se todas as células do organismo dela resolvessem doer, ela simplesmente pararia, respiraria fundo e diria o que disse pra mim: quando acontece, eu espero. Porque toda dor passa!



Não tenho nem mais o que falar ou o que postar. Essa história me deixou pouco espaço para "firulas", mas tive que compartilhar. Desde que pensei no blog, não consegui definir um tema do qual eu fosse escrever, mas penso que meu negócio é "gente" e mais "gente" que a dona Deise, impossível.
Parece clichê, mas conheci uma deficiente visual com uma visão trezentas mil vezes melhor do que a minha, que enxergo há 22 anos. 

Por isso tudo, eu precisava te apresentar alguém.







* Por definição, neuromielite óptica (NMO), é uma doença inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central que acomete principalmente os nervos ópticos e a medula espinal, ocasionando diminuição da visão e dificuldade para andar, dormência nos braços e nas pernas e alterações do controle da urina e do intestino.



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O "porquê" de um blog


Amo as palavras. Brinco com elas como se fossem linhas. Coloco-as do jeito que quero, a meu serviço e as torno capazes de reproduzir o que penso.
Não faço isso porque manjo de português. Faço isso porque acho que, em mim, Deus conectou o coração com os dedos e o primeiro pulsa nos dois lugares. 
Necessito. É vital pra mim.