terça-feira, 26 de novembro de 2013

Assalto - correr pra onde?


Na última quarta-feira, 03 de julho de 2013, Niterói me deu "boas vindas" pela segunda vez em cinco meses. Dessa vez, eu não estava sozinha. Davi estava comigo. 
Veio sentado numa moto, portando capacete, na forma de dois caras. O garupa apontou a pistola e disse: não corre, passa o relógio. Daí pra frente você deve imaginar tudo o que aconteceu. Fomos "assaltados" - palavrinha que você conhece bem, principalmente se mora aqui também.

Aí viemos pra casa e mais calmos, parei pra pensar: correr pra onde? Correr pra quem? Me senti num episódio do Chapolin perguntando "E agora? Quem poderá me defender?". Infelizmente, passaram-se 3 dias e eu não encontrei resposta alguma pra minha questão. Se me permite ser sincera, acho que não vou encontrar nunca.
Vivemos debaixo de uma ausência quase total de poder público (ou seria excesso de poder do outro lado?), onde ninguém mais tem voz.
Você vai à delegacia fazer Registro de Ocorrência muito mais pra pedir isenção do duda no Detran do que crendo que alguém vai fazer alguma coisa pra mudar a realidade que você vive.

Cansei. Eu estaria muito menos indignada se eu estivesse voltando de uma festa 1h da manhã, falando no celular numa esquina escura, depois de ter acordado meio-dia daquele dia. Mas não. Nós dois simplesmente voltávamos pra casa depois de um dia inteiro de trabalho. Trabalho esse que rende um dinheiro que o governo come quase todo.
Come o dinheiro meu e gasta com o quê? Com grandes corruptos idiotas que, na mesma hora do dia em que fui assaltada, estavam em suas casas assistindo o Chapolin aparecer quando alguém precisava de defesa. Que belo mundo das maravilhas, senhora Alice.

Me senti invadida. Me senti desprotegida. Me senti péssima. Depois disso, continuei pagando IPTU, continuei pagando a taxa de iluminação pública pra Ampla colocar um poste na rua do Rodrigo Neves (porque na esquina que eu fui assaltada, poste não tinha). Continuei vendo políticos usarem aviões da FAB pra ver a Copa, continuei vendo a polícia espancar o gigante que acordou, continuei no mesmo lugar. Eu e a polícia também.

No dia que prenderem o bandido do assalto, vou perguntar pra ele pra onde eu poderia correr. Ele deve saber.

PS: e só a título de curiosidade, levaram tudo do Davi e nada meu. Não mexeram com meus pertences. Mexeram com meu coração mesmo.

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